Sobre a história:
Em Rio das Flores, Miguel Sousa Tavares retrata-nos uma época, uma sociedade, uma mentalidade, uma cultura. Tudo se passa no início do século XX, o local é Estremoz, Alentejo. Seguimos de perto uma família em específico, os Ribera Flores, donos de uma herdade. Desta família acompanhamos três gerações, mas facilmente destacamos as nossas personagens principais: Diogo, Pedro (irmão de Diogo), Maria da Glória (mãe) e Amparo (esposa de Diogo).
Através destes dois irmãos tão diferentes vamos acompanhar dois lados opostos da vida, dois caminhos e dois desfechos.
Em Rio das Flores, Miguel Sousa Tavares retrata-nos uma época, uma sociedade, uma mentalidade, uma cultura. Tudo se passa no início do século XX, o local é Estremoz, Alentejo. Seguimos de perto uma família em específico, os Ribera Flores, donos de uma herdade. Desta família acompanhamos três gerações, mas facilmente destacamos as nossas personagens principais: Diogo, Pedro (irmão de Diogo), Maria da Glória (mãe) e Amparo (esposa de Diogo).
Através destes dois irmãos tão diferentes vamos acompanhar dois lados opostos da vida, dois caminhos e dois desfechos.
Temos Diogo, o mais liberal, o mais diplomático, o mais calmo, o senhor engenheiro, o que estudou em Lisboa, o republicano, o mais velho, o apaixonado, o que é ligado à beleza das coisas mais do que à essência das mesmas. Depois temos o Pedro, o irmão mais novo, o tradicionalista, o rapaz à moda antiga, o monárquico, o nacionalista, o que não largou a terra que é dele nem para estudar, o que trata da terra como se camponês fosse, o que conhece o melhor do que é seu que nem pastor, o resmungão, o que tem má fama, o que ama a sua terra, o que quando ama o faz de forma absoluta e incondicional e à sua maneira. Dois irmãos tão diferentes, mas que se amam de forma tão genuína e profunda.
É através deles que vemos o país e o mundo atravessarem pelas mais diversas situações; é através destes dois irmãos que Miguel Sousa Tavares nos dá a conhecer os dois lados da política no início do século XX: desde a mudança da monarquia para república, passando pelo Estado Novo e terminando no final da 2ª Guerra Mundial.
Opinião:
E lá diz o velho dito popular que "as aparências iludem". Um livro que ao início me pareceu pouco promissor, mas que foi conquistando o seu lugar na minha consideração e um outro especial na minha estante. Uma surpresa agradável que me satisfez o desejo de ler algo que não fosse "mais do mesmo" - coisa que já me irrita em certos livros.
A narrativa nem sempre é tão dinâmica quanto eu gostaria que fosse (e este é, a meu ver, um dos pontos fracos do livro); a ação decorre no início do século XX, o que significa uma imensa alteração a nível político tanto no país como na Europa, como no Mundo, mas a meu ver não quer dizer que o autor a tenha que relatar em pormenor; acho que a interrupção da ação principal para relatar, em largas páginas, o que se sucede em termos políticos no mundo não é a melhor das opções, até porque chega a tornar-se algo exaustivo quando vimos a mesma ideia repetida em várias destas "pequenas interrupções". No entanto, admito que o que para mim é um ponto fraco, para outros é o que mais interesse dá a esta obra.
Relativamente às personagens, acho que já disse tudo quando, mais acima, me referi à história do livro. As duas personagens principais são ambos os irmãos Ribera Flores (Diogo e Pedro) - apesar de haver uma maior focalização no irmão mais velho, Diogo. Ambos tão diferentes, mas com um amor e carinho tão incondicional como só dois irmãos o poderiam ter.
Acho que o que mais me fez gostar deste livro foi o facto de Miguel Sousa Tavares não se ter contido, de maneira alguma, tanto nas ações dos dois irmãos (sempre tão reais e fieis a si próprias, mesmo quando não eram coerentes - há sempre uma justificação), como no percurso que traçou para as personagens. Não senti que tenha havido qualquer tipo de hesitação ou controlo, tudo fluiu como se não houvesse outra alternativa. Todas as personalidades tão reais, todas tão distintas mas tão verdadeiras, tão palpáveis. No fundo, o que quero dizer com isto é que o autor não se preocupa em mostrar o que é bonito, não se preocupa em construir heróis românticos, preocupa-se sim com a realidade, com o que no fundo todos nós somos - não perfeitos, mas sim cheios de qualidades e defeitos.
Concluindo: sem querer dar qualquer pista do desenvolvimento da história, queria apenas salientar uma frase do autor que, a meu ver, caracteriza na perfeição toda a essência da ação: "No final sobrevivem os que não se desviaram do seu caminho.".
Opinião:
E lá diz o velho dito popular que "as aparências iludem". Um livro que ao início me pareceu pouco promissor, mas que foi conquistando o seu lugar na minha consideração e um outro especial na minha estante. Uma surpresa agradável que me satisfez o desejo de ler algo que não fosse "mais do mesmo" - coisa que já me irrita em certos livros.
A narrativa nem sempre é tão dinâmica quanto eu gostaria que fosse (e este é, a meu ver, um dos pontos fracos do livro); a ação decorre no início do século XX, o que significa uma imensa alteração a nível político tanto no país como na Europa, como no Mundo, mas a meu ver não quer dizer que o autor a tenha que relatar em pormenor; acho que a interrupção da ação principal para relatar, em largas páginas, o que se sucede em termos políticos no mundo não é a melhor das opções, até porque chega a tornar-se algo exaustivo quando vimos a mesma ideia repetida em várias destas "pequenas interrupções". No entanto, admito que o que para mim é um ponto fraco, para outros é o que mais interesse dá a esta obra.
Relativamente às personagens, acho que já disse tudo quando, mais acima, me referi à história do livro. As duas personagens principais são ambos os irmãos Ribera Flores (Diogo e Pedro) - apesar de haver uma maior focalização no irmão mais velho, Diogo. Ambos tão diferentes, mas com um amor e carinho tão incondicional como só dois irmãos o poderiam ter.
Acho que o que mais me fez gostar deste livro foi o facto de Miguel Sousa Tavares não se ter contido, de maneira alguma, tanto nas ações dos dois irmãos (sempre tão reais e fieis a si próprias, mesmo quando não eram coerentes - há sempre uma justificação), como no percurso que traçou para as personagens. Não senti que tenha havido qualquer tipo de hesitação ou controlo, tudo fluiu como se não houvesse outra alternativa. Todas as personalidades tão reais, todas tão distintas mas tão verdadeiras, tão palpáveis. No fundo, o que quero dizer com isto é que o autor não se preocupa em mostrar o que é bonito, não se preocupa em construir heróis românticos, preocupa-se sim com a realidade, com o que no fundo todos nós somos - não perfeitos, mas sim cheios de qualidades e defeitos.
Concluindo: sem querer dar qualquer pista do desenvolvimento da história, queria apenas salientar uma frase do autor que, a meu ver, caracteriza na perfeição toda a essência da ação: "No final sobrevivem os que não se desviaram do seu caminho.".
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