Sinopse:
Era uma vez um rei que fez promessa de levantar convento em Mafra. Era
uma vez a gente que construiu esse convento. Era uma vez um soldado
maneta e uma mulher que tinha poderes. Era uma vez um padre que queria
voar e morreu doido.
«Um romance histórico inovador. Personagem principal, o Convento de
Mafra. O escritor aparta-se da descrição engessada, privilegiando a
caracterização de uma época. Segue o estilo: "Era uma vez um rei que fez
promessas de levantar um convento em Mafra... Era uma vez a gente que
construiu esse convento... Era uma vez um soldado maneta e uma mulher
que tinha poderes... Era uma vez um padre que queria voar e morreu
doido". Tudo, "era uma vez...". Logo a começar por "D. João, quinto do
nome na tabela real, irá esta noite ao quarto de sua mulher, D. Maria
Ana Josefa, que chegou há mais de dois anos da Áustria para dar infantes
à coroa portuguesa a até hoje ainda não emprenhou (...). Depois, a
sobressair, essa espantosa personagem, Blimunda, ao encontro de
Baltasar. Milhares de léguas andou Blimundo, e o romance correu mundo,
na escrita e na ópera (numa adaptação do compositor italiano Azio
Corghi). Para a nossa memória ficam essas duas personagens
inesquecíveis, um Sete Sóis e o outro Sete Luas, a passearem o seu amor
pelo Portugal violento e inquisitorial dos tristes tempos do rei D. João
V.»
In Diário de Notícias, 9 de Outubro de 1998
Sinopse do autor:
«Aproxima-se agora um homem que deixou a mão esquerda na guerra e uma mulher que veio ao mundo com o misterioso poder de ver o que há por trás da pele das pessoas. Ele chama-se Baltasar Mateus e tem a alcunha de Sete-Sóis, a ela conhecem-na pelo nome de Blimunda, e também pelo apodo de Sete-Luas que lhe foi acrescentado depois, porque está escrito que onde haja um sol terá de haver uma lua, e que só a presença conjunta e harmoniosa de um e do outro tornará habitável, pelo amor, a terra. Aproxima-se também um padre jesuíta chamado Bartolomeu que inventou uma máquina capaz de subir ao céus e voar sem outro combustível que não seja a vontade humana, essa que, segundo se vem dizendo, tudo pode, mas que não pôde, ou não soube, ou não quis, até hoje, ser o sol e a lua da simples bondade ou do ainda mais simples respeito. São três loucos portugueses do século XVIII, num tempo e num país onde floresceram as superstições e as fogueiras de Inquisição, onde a vaidade e a megalomania de um rei fizeram erguer um convento, um palácio e uma basílica que haveriam de assombrar o mundo exterior, no caso pouco provável de esse mundo ter olhos bastantes para ver Portugal, tal como sabemos que os tinha Blimunda para ver o que escondido estava...E também se aproxima uma multidão de milhares e milhares de homens com as mãos sujas e calosas, com o corpo exausto de haver levantado, durante anos a fio, pedra a pedra, os muros implacáveis do convento, as salas enormes do palácio, as colunas e as pilastras, as aéreas torres sineiras, a cúpula da basílica suspensa sobre o vazio. Os sons que estamos a ouvir são do cravo de Domenico Scarlatti, que não sabe se deve rir ou chorar...»
Autor: José Saramago
Editora: Caminho
Páginas: 493
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